INTERNACIONALIZAÇÃO DA AMAZÓNIA
Foto:Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
É um engenheiro mecânico, economista, educador e professor universitário, foi Ministro da Educação no primeiro mandato de Lula da Silva
Durante um encontro com jovens, a quando da sua visita os Estados Unidos, (onde em certos sectores circulava a ideia da Internacionalização da Amazónia, ideia que, como é óbvio, incomodava muito os brasileiros), um jovem fez-lhe uma pergunta sobre o tema, mas pediu-lhe que respondesse como um humanista e não como um brasileiro.
O Sr.Cristovam Buarque, respondeu assim:
"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a Internacionalização da Amazónia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso.
Como humanista sentindo o risco da degradação ambiental que pesa sobre a Amazónia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.
Se a Amazónia sob uma ética humanística deve ser internacionalizada. internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro...o petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso o donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não o seu preço. Da mesma forma o capital financeiro dos países ricos, deveria ser internacionalizado. Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono ou de um país. Queimar a Amazónia é tão grave, quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrarias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação. Antes mesmo da Amazónia eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas á França, cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo o génio humano Não se pode deixar que esse património cultural, como o património natural Amazónico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito tempo um milionário japonês, decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.
Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldade em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. por isso eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas deve ser internacionalidada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma,Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro. Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mão de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
Nos debate os actuais candidatos à presidência dos EUA, têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro.Ainda mais do que merece a Amazónia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver. Como humanista aceito defender a internacionalização do mundo. Mas enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa.Só nossa".
Segundo consta, este discurso. teve pouca divulgação até na imprensa brasileira, mas na minha opinião, merece ser divulgado.
Cristóvam Buarque é actualmente senador pelo Distrito Federal, cargo que irá exercer até 2018.
Recolha de dados: Internet
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