OS FATOS E A LENDA DE ÉVORA







Era uma vez um menino, chamado Afonso, que nasceu numa terra chamada Guimarães, que pertencia ao condado Portucalense. Tinha três anitos quando o seu pai o conde Dom Henrique, faleceu. O menino era o único sobrevivente de vários irmãos. Por isso herdou o dito condado.  Mas, como era ainda muito pequenino para governar, a sua mãe, a condessa DonaTeresa, ficou como regente. 
O menino foi crescendo e quando já tinha 13 anos de idade, muitos estudos e prática de armas, abriu os olhos, e apercebeu-se de que sua mãe, que entretanto se tinha proclamado rainha se preparava para se perpetuar no poder.
O menino 'não gostou' e como tinha ideias, políticas diferentes das de sua mãe, resolveu armar-se a si mesmo cavaleiro, tornando-se guerreiro por conta própria. Formou então um exército com os seus partidários e quando reuniu forças, rebelou-se contra sua mãe, enfrentou-a e venceu-a numa batalha, que passou à história como a batalha de S. Mamede. 
O menino Afonso, tornou-se forte, e em 1139, já com 30 anos de  idade enfrentou, num embate desigual, um enorme exercito, formado pelas tropas de 5 reis mouros, e logrou vencê-los, em Ourique.












Após esta vitória, ganhou  confiança e como pretendia ser mais do que conde, proclamou-se rei do dito condado, e declarou-se independente, da tutela do rei Afonso VI de Leão e Castela, isto apesar de seu aio Egas Moniz ter garantido que seu amo cumpriria a promessa de vassalagem. Como o amo não cumpriu, o aio foi então juntamente com a família, de corda ao pescoço, entregar-se ao monarca leonês, que lhe perdoou.
O Rei leonês, depois fazer várias tentativas para obrigar D Afonso Henriques a sumeter-se, e não tendo obtido sucesso, em 1143, reconheceu-o como 1º rei de Portugal.

Com o seu espírito de grande guerreiro,  D. Afonso Henriques, continuou a expandir o seu território para sul. Expulsando os mouros de Leiria, Santarém e  Lisboa , (para cuja conquista, aceitou a ajuda e a tática de uns cristãos, chamados Cruzados, que vinham do Norte da Europa, a caminho da Terra Santa para matar mouros). E conquistou outras terras, também importantes, Almada, Palmela, Alcácer, tendo ficado   conhecido como "O Conquistador". Mas os sarracenos, não desistiam das terras que perdiam e de vez em quando voltavam para tomar as mesmas.  
Em 1161, Abdul-Mumen infringiu uma pesada derrota às forças portuguesas numa investida dos mouros, que custou aos Cristãos 6000 baixas, e onde D Afonso Henriques, então com 52 anos, ficou bastante ferido. Como resultado caíram de novo em poder dos mouros, Beja, Évora e Palmela.
D. Afonso Henriques ferido por fora e por dentro com o seu exército dizimado, sonhava com a reconquista de Évora. Um dia acordou e com enorme surpresa sua e não menor alegria, recebeu a notícia de que Évora já estava na posse dos cristãos de Portugal.


Conta a lenda que o autor da proeza, foi um marginal, de origem nobre, chamado Geraldo Geraldes, de mau feitio, conhecido pela alcunha de o Sem Pavor, que chefiava um bando de malfeitores, que assaltava aldeias indefesas. Geraldo escapara do norte para o Alentejo e ali se instalou com o seu bando num castelo perto de Évora, conhecida na época por Yeborah e que D. Afonso Henriques considerava estratégica, para a sua ação militar. Évora, estava em poder dos sarracenos.
Com o fim obter de D Afonso Henriques, o perdão para si e para os seus homens e poder resgatar a sua honra, urdiu um plano para conquistar Évora. Foi informado, que quem vigiava a torre principal da muralha da cidade era um velho mouro e a sua filha. Passou a rondar a cidade murada, disfarçado de trovador e com o seu charme, tocou o coração da jovem, que ingénuamente, lhe permitiu o acesso á torre, enquanto seu pai dormia. Geraldo subiu à torre em silêncio e logo ali matou a jovem e o pai, a quem roubou as chaves das portas da cidade.
Era uma noite sem lua, ele juntou o seu bando e, pela calada da noite, de surpresa, atacou a cidade adormecida que caiu em poder dos cristãos.
D. Afonso Henriques ficou tão feliz, que não só lhe perdoou, como o nomeou Alcaide perpétuo de Évora, devolvendo-lhe as chaves da cidade e a espada. O nome de Geraldo está ligado á praça principal da cidade e podemos ver no brasão do claustro da Sé de Évora, Geraldo Geraldes, o Sem Pavor a cavalo, de espada em riste, com as duas cabeças dos mouros, decepadas, sob as patas do cavalo.
Geraldo Gerardes oferecia-se sempre para combater e D. Afonso Henriques permitiu-lhe outras proezas militares. Assim Geraldo, entre 1162 e 1167, recuperou além de Évora, Beja e Palmela, ainda Elvas, Juromenha, Moura, Serpa, Monsaraz e também, Morão, Arronches, Crato, Marvão, Alvito e Barrancos. Recuperou ainda algumas praças na zona leonesa, Trujillo, Cacéres e Lobon. Diz a lenda que parte destas praças, foram tomadas sem derramamento de sangue, pois a fama do Sem Pavor era tal, que quando as suas tropas se aproximavam, os mouro debandavam.
Após estas conquistas, Geraldo Geraldes tirou umas férias (coisa de dois anitos), instalou-se em Juromenha, gozando dos muitos rendimentos que essas conquistas lhe renderam, mas congeminando na maneira de atacar Badajoz. 
Em 1169, Geraldo pôs cerco à cidade de Badajoz, que estava na área da coroa leonesa, tendo D. Afonso Henriques, ido em seu auxilio. Em má hora o fez, pois foi obrigado a retirar, e na retirada, bateu com a perna na ferragem da porta, caindo do cavalo. Com a perna partida, ficou prisioneiro do seu genro, D Fernando II Rei de Leão, que tratou com respeito o sogro, mas, exigiu-lhe em troca da sua libertação, uma quantia em dinheiro e a entrega de Trujillo, Cárceres e Montánchez, que ele havia conquistado à coroa leonesa.
Depois deste triste incidente, Aquele menino que se fez rei, agora com 61 anos, deixou as armas, "reformou-se". Ficou apenas a administrar os territórios, com a co-regência de seu filho D. Sancho I.
Conta ainda a lenda que o espírito de aventura de Geraldo Geraldes Sem Pavor, o levou até Ceuta, como espião, a pedido de D. Afonso Henriques onde acabou por ser preso e morto pelos mouros.
D. Afonso I, foi o fundador da nossa nacionalidade, deixou um país com as suas fronteiras quase delineadas, viveu até aos 72 anos, bastante velho para a época. Os seus restos mortais, repousam no Mosteiro de S. Clara em Coimbra.





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